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  • Writer's pictureRenata Medina

Dez anos de um dia inesquecível

Era uma tarde ensolarada de sábado. Mais exatamente no dia 29 de setembro de 2007. O local era o Estádio Presidente Vargas em Santa Maria-RS. O relógio marcava aproximadamente 16 horas quando o árbitro Márcio Chagas apitou a partida que recolocaria o E. C. Internacional de Santa Maria na elite do futebol gaúcho. Mais de 8 mil alvirrubros lotaram a Baixada, que naquele dia deixou de ser melancólica.


Hoje, há dez anos do último acesso do Inter SM, o sempre ídolo alvirrubro, Chiquinho, relembra o inesquecível jogo, dos 2x1 contra o Pelotas, que levou o time de volta a série A do Gauchão, terminando na segunda colocação geral, com apenas um ponto a menos que o campeão Sapucaiense.


Conforme Chiquinho, mesmo quando o grupo soube que encararia o Pelotas, até então líder da competição, eles não deixaram de acreditar que conseguiriam o acesso. Sabiam que precisariam da vitória, mas com “o último jogo dentro da Baixada, houve uma mobilização muito intensa e o que antecedeu os dois últimos jogos credenciaram a equipe a chegar com uma força sobre-humana naquele dia”, ressalta.


Chiquinho recorda que a sensação daquele 29 de setembro foi inexplicável. Foram vários sentimentos ao mesmo tempo, entre eles: emoção, ansiedade, medo, responsabilidade, alegria e motivação. Algo que o atleta já havia vivido, mas não com uma sensação daquela proporção, onde uma cidade parou naquele dia para prestigiar o time de uma maneira tão intensa:


– Tudo o que a gente passou até então, desacreditados por muitos que jogaram a toalha e não acreditavam mais na conquista, por isso existiram esses vários sentimentos ao mesmo tempo. Mas nós jogadores sabíamos que chegamos até aquele dia por méritos, então naquele dia não poderia escapar o acesso. Quando nos preparamos para o jogo, as pessoas iam olhar os treinos. Todo aquele ambiente que foi formado era algo que não poderia deixar de acontecer. Nós jogadores sentíamos aquilo.


Foto: Fernando Ramos / Agência RBS



Ele relembra que quando o grupo estava chegando ao Estádio Presidente Vargas, viram os torcedores em filas enormes e a Baixada completamente lotada. E com isso, sabiam que não poderiam frustrar os sonhos deles e de todas as pessoas que acreditavam neles:


– Quando nós entramos dentro de campo, uma força tomou conta de cada jogador e a gente com certeza exerceu o nosso melhor em todos os aspectos naquele dia. E fomos coroados com um belo jogo e conquistando algo inexplicável naquele ano.


Chiquinho na marca do escanteio que proporcionou o primeiro gol do jogo

Quanto a partida, Chiquinho foi coroado duas vezes. Os dois gols do alvirrubro passaram pelos seus pés. Aos 10 minutos iniciais ele cobrou escanteio e Cirilo subiu mais que todos, fazendo o primeiro gol da partida. Já na reta final, aos quatro minutos, ele cobrou falta na área para dessa vez Alê Menezes fazer o segundo do Inter SM, que seria o gol do acesso. Com orgulho ele fala sobre os gols:



– Ficou registrado na minha memória e na de todos os torcedores que prestigiaram aquele dia. Ter feito parte diretamente dos dois gols só me motiva e me alegra de saber que tudo aquilo que eu fiz valeu a pena. Só tenho a agradecer a Deus por momentos como esse.


Além dos dois gols, também foi presenteado com dois troféus de melhor jogador da partida, pelas rádios Santamariense e Universidade.

Chiquinho com o troféu de melhor jogador da partida que ganhou da rádio Santamariense



E quem não lembra dos polêmicos minutos finais da partida? Já nos acréscimos, o árbitro Márcio Chagas apitou uma falta e todos pensaram que o jogo tinha acabado. Assim, os torcedores começaram a invadir o campo. Segundo Chiquinho, os jogadores pediram para os torcedores saírem de campo para que a partida não atrasasse ainda mais e o torcedor contribuiu, mas permaneceram em volta do campo:


– Foi um fato inusitado, pois todo mundo esperava o término final, só queríamos comemorar com o torcedor. Naquele momento o torcedor já estava eufórico e queria invadir o campo de qualquer forma, foi uma loucura total que eu nunca tinha visto nem vivenciado dentro do futebol.


Para o ídolo alvirrubro, aquele ano foi muito especial, pois mais do que um grupo de atletas, eles formaram uma família e seguem até hoje em contato. “São pessoas que marcaram a minha história, nós tínhamos contato entre as famílias também. Tínhamos grupo de oração, fazíamos reuniões toda a semana. Foi um elo que a gente formou que fica para toda a vida”, fala com carinho dos colegas. Para ele o diferencial do grupo, além da união, foram os valores pessoais de cada um:


– Foram contratados homens de valores que assumiram o compromisso de tornar real um sonho de toda a população de Santa Maria, pois em anos anteriores estavam batendo na trave, já fazia alguns anos em que o Inter SM estava na Divisão de Acesso. Nós jogadores temos que ser gratos por termos feito parte daquele grupo que conquistou o acesso.


Dez anos depois do memorável acesso, Chiquinho quase conseguiu o seu segundo acesso pelo alvirrubro neste ano, quando o time chegou com a vantagem na semifinal da Divisão de Acesso. Ele relata que é difícil chegar em uma reta final e não obter o resultado desejado, mas enxerga de uma perspectiva positiva:


Chiquinho no jogo da semifinal de 2017

– Muitas vezes a tendência é surgir alguns questionamentos por não ter conseguido. Mas eu paro para analisar o meu caso. De repente eu nem poderia estar jogando esse ano por tudo o que passei em questão da minha lesão. Foram várias situações que vivenciei durante cinco meses antes de voltar a treinar. Por isso, só tenho que agradecer e esses questionamentos caíram por terra. Nós chegamos até onde nós poderíamos chegar e eu saio de cabeça erguida por tudo aquilo que fizemos nesse ano. É claro que eu queria conquistar o acesso. Conquistar dois acessos por um clube seria algo inexplicável.


Para fechar com chave de ouro o acesso pelo olhar de Chiquinho, ele deixa uma mensagem para a torcida que espera ansiosamente por mais um acesso:


Acreditem e não deixem de vir ao estádio. Às vezes leva um, dois ou três anos, mas uma hora acaba acontecendo. Eu espero que os jogadores que irão vestir essa camisa, vistam com honra, responsabilidade e dignidade. Eu tenho certeza que o ano de 2018 promete!


Assim como Chiquinho, certamente Luciano, Vitor, Fabrício, Aládio, Alex, Cirilo, Alano, Rangel, Gil, Régis, Polaco, Paulo César, Alexandre Veiga, Fabinho, Fabiano, Cezar, Newmar, Edinho, Rudimar, Padilha, Coletti, Maurício, Marcelo, Zé Anderson, Flaviano, Alê Menezes, Bebeto Rosa, Renato Ruas, Adilson Fauth e muitos outros nomes sempre serão lembrados. OBRIGADO!



Texto e fotos: Renata Medina / Assessoria E.C.I


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